Nachtschmetterling | 2013
A voz de uma mariposa que atravessa uma arquitetura movediça deixando um rastro de imagens que compõe uma paisagem de tempo.
Planialtimétricos | 2013
Livro topográfico impresso em papel vegetal.
"fui um buraco negro de fogo pelas costas. um buraco de ardência. as costas rasgadas. e a pulsação. pulsação que treme por terra. rochedos crescidos das cinzas. da queimação do nó depositado nas costas de um pequeno corpo. um buraco de ardor me engolindo, do chão em pó que passa os pés ao teto profundo que encosta a cabeça. já saberia do lugar de agora? já saberia escutar em chama o tempo acumulado e percorrendo no nó das costas? estaria por aqui depois de um nascimento preciso? já teria se deslocado em espiral de luz? no dia do nascimento, fogo aceso em areia deserta. mar noturno e ondas em vertigem. terra à vista pelos olhos das costas. solidão de uma confusão de passagem. pássaros em rito, o invisível habitado pelo centro do ruído. e foi o gesto. as lágrimas derramadas pelo cansaço. o berço da manhã para o pote de luz derramado. e na seringa a luz do sangue de um corpo. e retiram em demasia, e sugam sem entender que na palavra dita, nascido esse amor que nos destroça, assopra o grito frio das termas. e uma voz chamou o nome."
Clique aqui para ler a matéria do poeta Marcelo Ariel em torno da Mariposa. Matéria publicada no site Musa Rara.
sem título, da série Tautologias | 2017
letraset e ponta seca sobre vidro
tiragem de 5 unidades
qui novit nomen, quaestio - Excertos de Transcendência e Crime | 2018
O lírico é um fóssil.

Neste trabalho investigativo, como arqueóloga da forma fossilizada, Maíra De Benedetto traz ao presente informações matriciais, mas também outras que vazam deste registro. Faz explorações no campo do eterno.

"Mas inauguremos além, em estado de conjugação de todos os tempos."

E fornece, com a solidão exigida por tal incursão, e às próprias custas, informações
desta ordem mesmo (tudo o que envolve os planos do imaterial, do atemporal, e das interdimensões).

A ação de atravessar uma câmara cheia de ecos, como contém a literatura de acordo
com Waly Salomão, torna mais e mais árdua a tarefa de nomear a partir da criação de
um visionarismo. O nome da inocência seja a tua marca, seja a tua insígnia, e a tua visão.

O saber nomear exige abster da companhia utilitária de si, a que assegura o conhecido
(o fóssil), para, nesse exílio, se fortalecer em si.

Nome é presença. Poder vital.

"na suspensão do corpo aberto ao tempo ultradimensional da presença"

E Maíra De Benedetto se faz poeta (numa ultraexperiência).

"E ela pintou todos os anjos de azul, quando cantou a árvore no escuro - ela em teu nome"

Dá um passo ao lado para, no escuro, cantar o nome flamejante. Presenciamos,
unidos por um esforço conjunto ao empreendimento difícil, os acontecimentos mais
vivos no universo da poesia. Entradas no (in)comum. Descobertas advindas do
convívio com o desconhecido, quando se consegue perfurar, por um milionésimo de
segundo, o muito consistente da forma sobre a qual Maíra caminha.


Amélia Loureiro
Autora de Meninínima (poesia) e O Nado (narrativas)
Site de Maíra De Benedetto :
deresiduos.hotglue.me
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